26.9.04

(...)

bela manhã de laquê

amor (ou desejo de representação)

será que no fundo o que queremos é alguém a nos observar (sempre)?
*.* (scrapbook - muito pessoal) para eassis

e o ar penetra em nossos pulmões. nesse ar (pairam) escritos seus. não sei bem por onde começar a ler. sei que pareço uma leitora que aqui está completamente.

***

vocês juntos.
ela adoçaria sua vida e você faria (para ela) macarrão, serviria vinhos, depois café com diamante negro.
veriam constelações, dessa cobertura mágica que tem na sua casa. depois assistiriam a um filme do godard, "elogio ao amor", creio, deitadinhos, digo.
é isso que todos nós queremos: uma pessoa para estar com a gente, tornar esta vida mais leve.

tomar soverte na universal.

joão

foi pra alemanha.
hoje: casado, pai de duas meninas.
o joão, agora é poeta. acho que sempre foi, desde o colégio
.
li, outro dia, um poema dele.
fiquei arrepiada.

feliz em saber, joão,
que vai estar de volta ao brasil.

21.9.04

no final da tarde sempre arruma alguma atividade.
talvez faça um bolo e sirva com café.
quando cozinha, o tempo parece se esquecer dela.
a noite invade (lentamente) a casa.
hora de dormir. no colchão de molas.

18.9.04

o que mais me lembro é da limpeza do assoalho.
esse mesmo assoalho,
que minha tia lustrava todos os dias,
onde gerações se arrastaram,
depois cresceram,
tinha cheiro de rosas.
a casa,
hoje,
está mofada, mas não vazia.

assim-assim,
digo: mais perto.
(éh!) do seu ouvido.
chega pra cá,
que eu quero lhe dizer

palavras de amor.
vontade de abrir uma caixinha.
amar até o último segundo.
feliz pela rima (?)
esse homem,

que aparece, desaparece,
disfarçadamente.

do diário
de uma rapariga


assim quando você passa, cria,
entre o olhar,
o sorriso,
e um bocejo:
ruído.
encontrar você,
em uma esquina qualquer.
então: unha postiça,
batom vermelho,
casaco de festa...
uma cerveja,
um cigarro.
longe, o vejo mais ainda.
o corpo amolece...
mais um gole,
embriagada.
aqui a luz do poste cega.
voltar pra casa,
ler outro romance.
tanger o corpo
é mais seguro numa cama.

(a versão ilustrada desse texto
está na revista graffiti
76% quadrinhos n. 12)

17.9.04

glaura por eassis

scrapbook para anônimo nononô

o ipê, só ele dá um romance:
a história de uma árvore que floresce apenas uma vez, durante uma semana. aquilo que encanta nossos olhos, nos enche de esperança.
mas
uma outra vez,
só no próximo ano.
esperar assim,
para vê-lo amarelo,
vale a pena?
esta é a questão principal da história.

12.9.04

gracia:
don natural que hace agradable a la persona que lo posee;
cierto donaire y atractivo que se advierte
en la fisionomía de ciertas personas;
afabilidade y buen modo en el trato com las personas;
beneficio, concesión gratuita.

(esse y mais 40 000 términos están
en lo pequeño diccionario
de la lengua española)


11.9.04

não posso falar em caneta,
porque isso aqui é um teclado.
tampouco papel,
é tela.
estou um pouco sem paciência.
não estão chovendo idéias.
é água que cai lá fora.
e alguém ainda me diz
que o que acabei de escrever é metalinguagem.
não querida,
é meta-metalinguagem.
morangos silvestres

uma vez, no meu aniversário,
ganhei um pote de geleia de morango (feito pela mi).
veio embrulhado num saco pardo (desses de mercearia)
amarrado com um laço de fita marrom.

taci

conheço desde quando ela nasceu.
tinha seis meses quando minha mãe foi visitar o bebê.
dizem que eu esparramei na cama (de enorme)
e ela era apenas um ratinho.
tão miudinho, que até hoje requer um carinho danado.
ficar triste. a vida às vezes é dura.
esquece esse barulho ruim.
tudo vai melhorar,
prometo.

8.9.04

RESSACA

naldo: tô me sentindo um pano de chão.
desses bem usados, sabe?
jogado debaixo do tanque.

7.9.04

ROTINA

pires,
xícara, café.
prato, faca, manteiga, farelo de pão.
ela olha o relógio.
torneira, água, sabão: banho.
toalha.
sair antes das onze.
calcinha, vestido, coturno.
batom, colar de bolas.
bracelete.
chave do carro, agenda, bolsa: celular.
oi! aqui é JUPIRA! cara, cê num tem noção... rárárárárárárá... tenho que pegar um material na casa do joão, entregar no centro de cultura até onze e meia, receber uma figura chatérrima no aeroporto da pampulha, levar pra almoçar, deixar no hotel, depois encontrar o ribão e a ana pra gente ir gravar um documentário que tem sido complicadíssimo, buscar a tal figura sete horas, deixar no centro de cultura, passar na casa do jair, pegar com ele uns filmes importantíssimos sobre comunidades migratórias no extremo norte da áfrica do sul, ir pra reunião do forumdoc que começa às oito, depois cara, só me resta tomar todas no bar do clôde (...)
só que esse trânsito tá embaçado PRACARALHO!!! tô atrasadíssima.
te ligo depois...

5.9.04

não sei bem o que é esse ir embora.
mas (agora) sei o que é você partir.

desculpe o desarranjo.
não escrevi uma linha.
a cabeça estava explodindo.
hoje (mais tristes do que antes)
tocamos a vida.
só queria dizer, amiga,
que deixou saudades.
a fotografia não dizia tudo.
mas no canto direito,
a mão (dela) tocava um galho seco.
era quase setembro.
e já se anunciava o amor.
pender dos corpos.
não disse uma só palavra.

(ele) tinha um olhar discreto,
usava jeans.

as coisas me vem assim:
de um detalhe qualquer.
quase nunca cumpro o ritual.
mas às vezes dá uma alegria desesperada.
ouvir um sussurro.
bem aqui (óh).
pode até ser que eu seja mesmo boba.
mas dessa bobagem,
que a gente bem sabe,
aquele ruidinho esquisito,
é que o mundo se faz.
cara,
tô falando de amor.


(trecho retirado do diário de uma rapariga)

pshiuuu...

acordada em noite escura, ouço estalos.
as sementes da árvore do vizinho despencam.
amanhã terá que varrer o chão
(novamente).
estou (in)fértil,
e isso me irrita profundamente.
a pele arrepiada,
e a possibilidade de ficar grávida não é remota.
quem disse amor? confundiu tudo.

corações felizes

eduardo, ricardo e maria cris.
que mais posso dizer desse trio?
deliciosa tarde de domingo.

tempestuosa, apareceu uma glaura no milagre.
nasci em um 13 de junho, como Pessoa; (e meu pai disse isso).