27.2.12

o tempo resta como um apêndice
é necessário aprender a ir
para não supurá-lo
vou partir, meu segredo
preciso aprender a morrer em outras terras
logo retorno

e o amor também
será enfim a vez do nosso?

ou escolheremos os dois
cada um, um destino

23.2.12

foi numa quarta-feira de cinzas
que o meu carnaval acabou
junto dele o beijo de despedida
já não tenho forças
nem mesmo o último poema
nem mesmo você

7.2.12

sempre pensei que a casa fosse um lugar de acolhimento
e não uma prisão
ao mesmo tempo, trancava portas e gavetas
criando obstáculos para evitar
a passagem de desconhecidos
essa falsa ideia de segurança
enquanto o medo apavora aqui dentro 

durante muito tempo a casa foi apenas o quarto
onde acumulava livros, roupas e discos 
enquanto as portas e gavetas permaneciam trancadas
descobria no quarto escuro a possibilidade de não temer o mundo

portas e gavetas trancadas 
não permitiam a passagem de desconhecidos
tampouco da escrita

* escrito especialmente para you tell me | versão para o inglês Ana Carvalho