Talvez fosse melhor não mencionar nada
Que o tempo se encarregue de dizer,
na experiência dos dias,
o apelo deste corpo
Um copo d’água, por favor
Não adianta negar
O espírito transita no tilintar das lágrimas
Alegria, gozo e dor
Nesta manhã de sábado,
a cabeça ainda zumbindo,
vejo sua asa partir no chão
Três movimentos ao redor do corpo
No sonho ainda se podia ouvir
instrumentos, vozes,
passantes a bater o pé no cimento
Corte seco
Um dia inteiro pela frente
Arrumar a casa
Postar o lixo, roupa no varal
Misturar arroz no feijão
Barulho que vem do asfalto
anuncia a partida e chegada dos carros
Crianças brincando no jardim
Esquartejam gafanhotos no meu cérebro
Cumprida a ordem
À tarde estarei na cama
Um romance que não acaba
Livros de poesia
No cair do dia,
talvez uma festa,
um jantar entre amigos
ou o sono dos justos
Escrever é menos complicado sob efeito do álcool
A palavra corta a folha
Navalha afiada
Os dedos sangrando
Nem clichê, nem rima
Sem lentes de aumento
Não há foco que resista
Espera a ressaca passar
-------------------------------------------------
*depois do Graveola, também para o Rafa
Nenhum comentário:
Postar um comentário