Scène de danse, La Pyramide Humaine:
20.3.14
A releitura de um texto do antropólogo e cineasta Ruben Caixeta,
"Jean Rouch: o sonho mais forte que a morte" (revista Devires v.2, n.
1, 2004), me levou ao filme "A pirâmide humana" de 1961, em que o tema
do racismo é mais uma vez abordado por Rouch. O cineasta
convida alguns alunos de um colégio na cidade Abidjan (Costa do
Marfim), no contexto da independência africana, para examinar o que pode
ser a relação entre brancos e negros através da realização de um filme,
numa tentativa de mostrar o que “pode ser daqui pra frente”. Cito:
“nesse projeto revela-se tanto uma postura política do autor quanto uma
estética do documentário: se quisermos olhar para a realidade, temos que
olhar para a frente, onde ela se encontra, não somente para o mundo das
coisas ‘dadas’ ou ‘construídas’, mas para o mundo da imaginação e do
invisível”. Creio que os corpos dançantes desses jovens, impressos pela
câmera de Rouch, talvez falem de uma imaginação agora um tanto perdida,
em tempos de dilaceramento de corpos que antes dançavam, e do invisível
que só no instante da morte deve ser compreendido.
Scène de danse, La Pyramide Humaine:
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