29.1.05

paro para descansar
um copo de leite, rosquinhas...
depois de cinco dias pensando n´os cus de judas.
o que até hoje não descobri foi um significado concreto desse título.
para (cu) é fácil,

mas quem são os judas?
ou seria um judas com vários cus?

21.1.05

*chuva

estou com os pés na água morna
para que à noite
possa esquentar meu bem


15.1.05

HOMBRE! (para eassis)

quanto menos entendo, melhor fica.
a prova de ser névoa, dulcinéias, a desmanchar no tempo.

*contrastes

em portugal: fala com ela
vejo a toureira agora, se aproximando.

mas não vejo a outra.
o saltitar do touro levanta poeira infinita.
essa mulher (de bronze) está por aí...
a deixar seu cheiro:
selvagem.

14.1.05

move
move
move
stop, stop, please...
right-right
move now...


a professora inglesa a dizer insistentemente para a turma de balé
mas a bailarina de azul pensava outras imagens
o ônibus vermelho passando;
o tempo meio cinza;
moças de capote;
sombrinhas coloridas;
um indiano, uma sueca, um raper francês – fazendo um som na esquina

a professora repetia, repetia
as meninas seguiam as instruções
circulavam, alternavam,
passos, passinhos soltos
sorriso

move, move...

a bailarina de azul tinha um encanto próprio
Hombre


13.1.05

em elipses. rodopiando (assim-assim).
o bêbado anda disparado pela calçada.
seria ele um errante?

9.1.05

nuvens se formaram no céu

(tempête)

uma melissa encharcada
folhas por todos os lados
acerolas estouradas no chão
um filhote de passarinho morto no cimento
varejeiras atacando o jantar

2.1.05

Em frente ao sobrado da Serra tem um telefone público.
Seria um telefone qualquer, sem graça, se daqui não se escutasse o que o outro, despercebido, tem a dizer.
Conversas soltas, vagas, declarações de amor, estupidez, palavrões.
Da janela do escritório ouço vozes ao vento.
Num desses dias (distraída), uma frase:
"O melhor é falar pouco de si e muito dos outros".
Assim, assim. Uma mulher ao telefone.
Uma frase, seca, que caberia a qualquer um,
mas é exatamente o clichê do escritor.