27.12.05

Ava Gardner

Ava cheia de graça
Abriu a bolsa
Exibiu seus penduricalhos:
colar, brincos, pulseiras.
Pegou a careteira e foi pagar a conta.


22.12.05

scrapbook

aviso aos navegantes:
aqui é um lugar sem memória. deixar um recado é sempre um risco.










foto: carla maia (kk)

2.12.05

EQUIPE

domingo


água, café:


pessoas


pessoas


pessoas


pessoas confabulando


um antropólogo:


le chat:



a mulher:


patrya yndya yracema do brasyl



a noite segue...


nós! os etnográficos:


os deuses devem estar loucos


3 da manhã




solar


segunda-feira...


JUPIRA!!!


foto de pessoas: carla maia
foto de copos, garrafas e pizzas: glaura c. vale
foto P&B: francilins castilho leal
ilustração: postal canadense

30.11.05

29.11.05

*PLIN! not found

o que teria acontecido com o dicção aleatória?

***
REGISTROS RECUPERADOS:

AGOSTO 20
para lembrar de helena
se olhar à sua volta perceberá elementos desta intenção de poesia
passará a mão pela mesa e sentirá uma poeirinha fina
descaso com os afazeres domésticos
no alto,
três prateleiras abarrotadas de livros
na mesinha ao lado
agenda de telefone, calculadora, CDs...
apostilas e a carta
que diz:
Querido Greco,
não estou mais em mim
agora só desejo pegar aquele avião
partir pra África
encontrar o amor que se perdeu na guerra
e que não voltou com os outros em 1975.
Cuide-se,
Helena.


AGOSTO 4
Queria postar um texto aqui...
Mas os dedos estão a sangrar.

JULHO 31
O dia em que conheci um escritor em NY
Entrei num café da East Village fugindo da chuva. Nunca havia estado ali antes. Fiquei deslumbrada. Observava tudo e todos. O mostrador de vidro e seus inúmeros produtos. Aquilo era quase uma instalação, só que aqui os objetos se movimentavam entre uma conta e outra,
nunca a mesma vitrine.
Sempre havia um cliente ansioso por um cubano ou um canivete quebra-galho. Admirava também os tecidos. As roupas oscilavam entre o vermelho, o marrom lavado e o bege.
No caixa, uma mulher solitária e seu avental cor de folha seca.
Era quase verão. Ventava muito. Pessoas entrando e saindo do café. Mesas lotadas. Tive que me contentar com o balcão: a cup of coffe, please!?.
Foi aí que o vi.
Um sorrisinho no canto da boca, denúncia de um certo nervosismo, olhar atravessado.
Pensei em timidez.
Não parecia estar animado para o lanche, alguma coisa havia acontecido com ele naquela tarde?
Sonorizava.
Cabelo grisalho. Blusa de lã preta, gola até o queixo. Casaco de couro no encosto da cadeira. Uma caderneta de telefone.
A minha vida estava se perdendo. Eu já acreditava no amor. Em que meu devaneio consistia?
Aquela talvez fosse a única hora para eu me aproximar e dizer: you are a...
Esqueci o café e passei para o copo de conhaque do senhor de blue jeans...
Num impulso,
a gente tinha tudo para dar certo.
Mandei bilhete? Entrei numa briga desgraçada com o garçom porque ele me disse que aquilo não era hábito da casa e eu tentei explicar que eu conhecia o John, fosse esse o nome dele. E que a gente sempre iniciava nossos encontros numa troca de bilhetes. Uma brincadeirinha de amigos apaixonados. O garçom disse lá que eu me enganara, aquele não era o John e eu deveria me conformar com isso. Mas como não era?!... Aquele que eu conheci há dias na Barnes & Noble?! Que conversei horas no trem... não era o Johnny?! Não, John ele não poderia ser, repetiu o garçom. Este dái é... e falou horas, explicou, re-explicou...
O garçom me convenceu a deixar a idéia do bilhete... não perturbaria um grande escritor da cidade... que levaria New Jersey para o topo do mercado editorial, seria o então mais traduzido do mundo... e ainda me disse que ele era excêntrico, várias mulheres insanas já haviam mandado bilhetes e que deixava de freqüentar os lugares por isso, blá blá blá...
Concordei... John não poderia ser mesmo escritor, e, pra ser franca, não se parecia com Paul Auster...

DITO POR NÃO DITO POR GLAURA

26.11.05

john, me diga:
chuva fina + jazz. copo de cerveja e cigarro.
olhos contorcidos.
dedilho o ar. gargalhadas.
paixão melancólica?
possível esquecimento.

helena.

24.11.05

The problem is all inside your head, she said to me
The answer is easy if you take it logically
I’d like to help you in your struggle to be free
There must be fifty ways to leave your lover

She said it’s really not my habit to intrude
Furthermore, I hope my meaning won’t be lost or misconstrued
But I’ll repeat myself at the risk of being crude
There must be fifty ways to leave your lover
Fifty ways to leave your lover

Just slip out the back, jack
Make a new plan, stan
You don’t need to be coy, roy
Just get yourself free
Hop on the bus, gus
You don’t need to discuss much
Just drop off the key, lee
And get yourself free

She said it grieves me so to see you in such pain
I wish there was something I could do to make you smile again
I said I appreciate that and would you please explain
About the fifty ways

She said why don’t we both just sleep on it tonight
And I believe in the morning you’ll begin to see the light
And then she kissed me and I realized she probably was right
There must be fifty ways to leave your lover
Fifty ways to leave your lover

Just slip out the back, jack
Make a new plan, stan ...

*50 ways to leave your lover, by paul simon.

9.10.05

seqüência #4 *para pedrães





noite de sábado quente e melancólica
ela se aproxima da janela
toca a persiana
não vê os siameses da vizinha
*deitados no piso da área de serviço,
a se deliciarem com o geladinho da cerâmica.
não estando triste,
abre o porão
de onde saem lembranças fabulosas:
um amor antigo
um sorriso no canto esquerdo,
debussy, bellabartoc, matmos...
muitos cds ainda restam para escutar
até que a noite se transforme em sono
e o sono traga a manhã seguinte.


como a felicidade me faz bem...
assim,
helena.



7.10.05




lote de idéias
foto: maurício leonardi

talvez eu devesse entrar na internet e pesquisar por que a falta de potássio causa tanta dor nas pernas.
(a esta hora não me parece tão lenta)
se eu vomitasse toda a cerveja que acabo de tomar não sentiria tão forte,
absurdamente forte,
esta dor na boca do estômago.
às vezes me sinto meio zonza,
a procurar um lugar quentinho...
quero deitar e dormir
até acordar.

6.10.05

notre dame # ainda helena

gosto do meu headphone
a idéia de compartilhar a voz que me invade soa estranho.
como se qualquer um pudesse também ouvir o que se passa na minha mente.
*às vezes é bom
ter a sensação deste som
doce e agressivo
quebrar a parede alheia, silenciar um coração atrapalhado.

eu, você
(at the moment)

4.10.05

this is not a funny story
*para meu pai

achei, entre a papelada que ainda resta no meu antigo quarto, um pedaço de madeira escrito:
“minha filha, nunca abra a caixa de pandora. a minha foi aberta e de lá saíram monstros e fantasmas que até hoje me atormentam”.
diria que meu pai é um poeta que teve a carreira amputada; talvez pela perda do irmão ainda jovem, morto estupidamente porque teve medo de ser preso e correu. “M. A. C. V., 20 anos, levou um tiro pelas costas por causa de um bocado de maconha no bolso. chegando em casa, depois de um dia de trabalho, a mãe do jovem deparou com um camburão à sua porta e, dentro, o corpo do caçula”. não foi assim que saiu no noticiário.
não sei se exatamente, mas acredito que seja esse o momento em que, para meu pai, a caixa de pandora tenha sido aberta. não fora por curiosidade que os fantasmas se afloraram, mas por um golpe, que desencadeou uma série de anomalias que não permitiram o distanciamento necessário para uma poesia consciente.
será preciso gerações para que essa história seja passada a limpo. quanto ao poeta, que se manteve guardado todos esses anos, continuará recluso, até ser completamente esquecido.

– ainda resta a teimosa esperança! – um aspirante a escritor gritou do fundo da sala.

2.10.05

tento escrever para helena
e não passa de uma página. (concisão)

essa história está me consumindo,
aos poucos.
penso na raposa albina (versão de matias)
que toca a calda no grande lago.
deitada,
olha para a luz do sol que incide sobre o cacho de uvas.

espera demorada

23.9.05

entrou do outro lado.
e neste instante a porta de vidro fechou,
bem na sua frente.
fingiu ser eu mesma.
calou-se.
calei-me.
era noite de quinta-feira...
galeria central do museu del bairro.

16.9.05

*notícias da serra: mais nuvens se aproximando

deveríamos trocar o nome da chuva que caiu em BH na semana passada para chuva de granito!
tal o tamanho dos granizos que despencaram do céu e o estrago provocado.
houve um que, por não enxergar nada, tirou a cabeça para fora da janela do carro e acordou com galos horr(or)endos na testa.
outros, da banda de cá, receberam as primeiras pedradas fatais...
vidros pelos ares!!!
como tenho tendência ao medo, olho pro céu toda vez que resolvo sair,
para ver se há ameaça de pedras.
por isso senhores, volto a dizer:
se houver ameaça de chuva, preparem seus capacetes.

14.9.05

e-mail muitíssimo pessoal
*aberto aos ouvintes

nica, a bailarina de azul a desfilar em terras geladas.
o pão de mel a aguarda na mesa do café.
ela sonha pastorar em terras distantes.
agora nica dorme. sono leve, gostoso.
do lado dela um homem encantador.
asas de borboleta... a fazer cosquinha na bochecha.
falamos por recados eletrônicos,
como se estivéssemos grudadas,
lado a lado, frente a frente.
ler nica, é ouvir sua voz:
mansinha e quentinha roçar nos ouvidos.
hummm...
os olhos enchem de água,
mas é bom... fica bem aí.
beijo.

13.9.05

ainda helena

ela queria dormir. ele andando pela casa com suas botinhas de couro legítimo (tuck tuck tuck).
ela, desejo de voltar aos sonhos, onde repousava no ombro de orfeu.
ele continua a andar pela casa com seu radinho de pilha que zune como abelhas no mel.
ela soluça uma felicidade.
Ele, nos seus trejeitos práticos, procura relógio, carteira, celular.
ela levanta, passa os dedos sobre a superfície irregular do móvel de antiquário, toma café.
ele, silêncio.
Crocodilos amarelos não existem! Repetia Carmem.
E se eu jogar uma balde de tinta neles? Replicou Su, a olhar no quintal dois calangos se amarem.

11.9.05

frostypara matias e ribão (o poeta novilúvio)

aonde encontrar Björk?
essa voz doce...
que mistura infância e melancolia.
estaria Björk ancorada em algum mar gelado
no Pólo Norte?
sensação de frio na espinha
arrepiar da pele

the mystery of my flesh
são basicamente dois sons que invadem a porta e quebram o vidro da janela

*sun in my mouth

8.9.05















deitada no ombro de Fernanda
uma máscara
a vizinha solicita da família Drummond
*por Nelson Rodrigues ("senhora dos afogados")

7.9.05

chove pedra lá fora
gelos saltitam na janela do quarto
dois vidros se partiram.
na sala,
uma poça d’água
*baldes e panelas espalhados pela casa

(tempestade em céu azul)

3.9.05

poeirinha ordinária que envolve meus objetos e embaça a tela do meu computador
duas linhas de ônibus passam em frente à janela do escritório
(tro)cent(r)os carros
embaralham meus ouvidos

2.9.05

pausa para ver a Internet…
sem escrever longos textos

queima de sanidade.
perder é o mesmo que deixar de ganhar?

não não, não me diga.
aguarde um terceiro momento.
* extraído do livro achado no corredor de uma gaveta.

28.8.05

uma mulher se perde na floresta
acaba de ver o marido na prisão
estamos no final do século XIX
já havia batedores de carteira
*uma bisneta lê diários esquecidos no sótão.

26.8.05

a retirada dos remédios causa um pouco de ansiedade
igual forçar o sono, rolar de um lado a outro,
sem conseguir retorno
dá coceira nos ossos...
lembrei dos meus discos
esse equilíbrio estranho
sensação de ser som, imagens...
é verdade que meu discman completa 10 anos
segue pulando faixas quando está irritado
mas ainda me acalma
dessa ligeira ansiedade
e seus picos zunindo
(like a badhead in the morning)
visão embaçada
os remédios e sua rotina

24.8.05

querida A. R.,
hoje completa um ano.
desci no centro e comprei entradas para uma peça de teatro (Antígona).
saindo do Palácio das Artes quis entrar no Parque Municipal. de fora da grade me pareceu um lugar tranqüilo para dedicar um minuto a você.
me enganei.
definitivamente não somos cosmopolitas... e de enxeridos ficamos olhando os outros: suas roupas, feições etc.
nem disfarçadamente,
queremos devorar o outro antes que ele nos devore.
ninguém suporta a solidão alheia e logo metem o olho intimidativo.
tentei perceber os patos que correm sobre as águas verdes do lago central...
mas um desejo incontrolado de fugir daquelas pessoas me fez desistir do gesto...
caminhei depressa pela rampa em S e antes de atingir a estrada principal:
uma linda gata branca sai de dentro das árvores...
não vejo muitos gatos soltos na rua ultimamente,
somente os gatos da vizinha do prédio ao lado
(que ficam tomando sol na janela ao final da tarde)
talvez o número de cercas elétricas esteja impedindo os gatos urbanos de circularem entre quintais, ruas e passeios.
mas a gata branca me trouxe você...
era realmente linda
tinha o olhar imperativo, como o seu...
desfilava como uma dama em seu casaco de pele legítimo...
igual ao dia em que me pegou de madrugada em casa e me levou ao hospital,
nunca esquecerei desse dia... seria a última pessoa que eu teria visto se morresse na emergência do Semper, que fica em frente a uma das entradas do parque.
não fui a última pessoa a lhe ver...

20.8.05

atendendo a pedidos #2

cena 1: ensaio melodramático
ela desliga o computador e inicia uma correria pelos cômodos da casa.
(...)
“aonde está a fotografia cinza?”
- perdeu-se do álbum.
alguém, alguém...
você?!
*no sótão...

cena 2: a queda
sobe as escadas,
tropeça
descobre um fundo falso no último degrau
passagem para uma dimensão que não existe
a chave do sótão está perdida em algum lugar desse vão...
se encoraja e pula
não é bem o que lhe parecia...
cai no porão.

cena 3: uma luz
o porão não está vazio
ela endireita o corpo
percebe um baú no centro,
abre...
não só uma... várias fotografias...
papéis e alguns carimbos (?).
não sei se lhe parece distante
eu estar ao pé da cama, fazendo a unha.
esmalte de tom café...
*blusa de listras cor de rosa, cabelo amarrado
a queda,
um corte
era dia de feira
sangrava.
agora, o queixo com esparadrapo,
você preparando sopa
a mesa posta
o queixo
pingava
mercúrio cromo (como me soa estranho)

*a memória da cicatriz

19.8.05

17.8.05

Onde estão vocês?
Ninguém (aí) para entender esta louca desvairada
de amor?!
Caramba!
Me perco na melodia...

14.8.05

quero todas aquelas imagens
de matias a eassis
esses seres submersos
que constroem poéticas (do vazio)
colam: cartier-bresson, cocteau, bergman
silêncio que habita
*saudades de novilúvio
outros dois seguirão para o norte
onde a neve é mais que intenção
somente todas aquelas imagens para interpretarem o som que invade a minha melancolia
um jazz para os etnográficos errantes

(e o ronaldo a nacar
nos meus livros)
domingo

acordar tarde,
visitar a família.
pé de pato, piscina...
churrasco, arroz branco, farofa
cerveja
falação
cocada branca, cocada preta
a cabeça que rodopia
cafezinho...

(estômagos estragados)

7.8.05

O marido ri na sala.
Ela tenta se concentrar no texto que precisa entregar até o final da próxima semana.
O marido dá uma gargalhada.
Ela
inveja.
O marido salta da cadeira.
Ela tenta entender como o autor constrói aquela narrativa oscilante.
De repente está na guerra colonial de Angola, lutando por uma causa que desconhece... a defender seu país sem ter sequer tido a chance de escolher se queria estar ali.
uma perna pelos ares cai ao seu lado...

podia jurar que era um tronco de árvore a sangrar...
A perna do soldado a faz lembrar da caixa de brinquedos.
Dos pedaços de bonecas. Dos olhos vazados da Guigui que insistia naquele sorriso de covinhas, da cabeça amassada da Fofolete e da Suzi, ou seja, do braço mastigado da Suzi.
A perna ainda é o soldado?
De volta ao acampamento, vê o médico desesperado com a chegada do primeiro morto...
Ele sai da enfermaria e não se importa em dizer:
“Está a dormir a sesta”.
No lado direito, os girassóis exibem, entre a fumaça, o seu bailarico diário.
O estourar de bombas a faz pensar nos foguetes de fim de ano. Como é lindo ver o céu exibir cascatas que oscilam entre o azul e o amarelo...
Feliz 2...
Quando percebe,
já se passaram horas...
o marido está no quarto a tomar chá, ouvir o rádio,
numa serenidade que anuncia o fim do dia...
amanhã, segunda-feira.
Depois da guerra,
providencia um banho quente,
para relaxar os ombros enrijecidos...
acalmar os dedos melancólicos.

4.8.05

orfeu atravessa o espelho


















o pássaro azul
a delatar as cores que não podem ser vistas:
assim se comporta o negativo?
desejo de ser laranja,
luminosidade...
o pássaro azul provoca as cores da sua radiografia.

31.7.05

O post de hoje "O dia em que conheci um escritor em NY"
está no "Dicção aleatória"...
atalho no canto direito.

27.7.05

jantar de hoje

estou exausta…
não consigo pensar uma linha animada. coloco o queixo na palma da mão e faço círculos.
pão, presunto e queijo. um copo de suco imaginário.

26.7.05

Fato é: o jornal "O globo" de hoje (26 de julho de 2005) desapareceu das bancas em Belo Horizonte, quiçá em toda a Minas Gerais, após a notícia de que o esquema Marcos Valério funciona desde 1998 com o atual senador Eduardo Azeredo do PSDB. Varri todas as bancas do meu bairro e não consegui encontrar um exemplar desse jornal. Na última, o rapaz me perguntou "o quê que tem nesse jornal que todo mundo está procurando?" Disse que foi o único que resolveu apontar o esquema Marcos Valério-PSDB em Minas e que Eduardo Azeredo quase chorou na tribuna. E ele respondeu: "Ah! Entendi... a mídia tá camuflando, né?!". Eu apenas sorri um sim.
Voltei para casa com a dúvida: estaria Aécio Neves (gov. de Minas) e sua fiel escudeira comprando loucamente todos os jornais do estado? Ou as pessoas estão indignadas com a mídia que só faz enxovalhar o PT?
Preciso urgentemente de um exemplar em bom estado de conservação, alguém poderia conseguir um para mim? Por favor, encaminhem este meu pedido, caso não tenha... quem sabe alguém em São Paulo, Basília, Rio, Acre etc. etc. etc.
PT saudações!

16.7.05

volto tonta da livraria...
opções diversas.
há quem ainda não escreveu uma linha,
e dividirá espaço nas prateleiras com aqueles tantos.
sem tempo para o que acabo de comprar.
arrumo a casa, lavo a roupa, faço compras.
neste fim de noite, restam-me os blogs?
estou devaneando, para me acostumar com o teclado macio do Mac.
option + g = ©

13.7.05

sonhei que voava: e eu dominava o desejo de voar.
você estava no meu sonho.
uma casa cheia de labirintos.

2.7.05

Café des poètes

Quando perguntam a Orfeu sobre o que ele acha que é ser poeta,
responde: "Escrever sem ser escritor".
Orfeu de Jean Cocteau é um poeta moderno.
Se apaixona pela morte que lhe manda mensagens indecifráveis através do rádio de um carro.
Nessa história, Eurídice parece ser apenas uma desculpa para que ele possa se encontrar com sua amada no vale das sombras.

O retorno para casa lhe parece doloroso
a ponto de não cumprir o combinado

assim, olhar para Eurídice, é se tornar um errante...
que espera pacientemente a sua morte.

"ma mort... ma mort". Sonha Orfeu.

"Um único copo d’água ilumina o mundo".

26.6.05

300 toques

deixei a mão correr levemente pelo seu rosto. senti sua respiração falhada, a boca seca. no canto esquerdo, abajur, despertador, o copo d’água. contávamos histórias um para o outro até que o cansaço nos vencesse. pés gelados. melhor vestir meias, conferir as janelas. acreditei que tudo não era sonho.

24.6.05

folhas caem no jardim de Mariá
o vento no basculante
arrepio
a torneira do lavatório
pinga
pinga
insistentemente
mariá brincando com objetos imaginários

dedos ávidos por uma história
o frio parece congelar idéias...
2:56
melhor enfiar a cabeça no cobertor
dormir por umas horas
amanhã ainda é sábado

20.6.05

no canto direito, links.
meu editor de blog trabalha, trabalha.
como um relógio.
para essa escritora incompetente.

18.6.05

o matraca anuncia o beiju
olho a prateleira lotada de tarefas acadêmicas
vontade de ficar de pé, debruçada na janela
espiar Marquinho
que grita lá fora
“uma lavadinha aí?!”


som de furadeira no vizinho ao lado
a persiana bate com o vento
cinco gatos quentando sol

bolinhas de pimenta do reino (preta)
espantam as traças

a Internet é gradualmente lenta

meus olhos caem
colchão de molas

16.6.05

recortes

quando você passa
passa também:
a moça na calçada, o homem lendo jornal,
gargalhadas na esquina, uma casa por fazer,
o relógio da igreja, pedaços de paisagem.

enquanto você mexe o cabelo:
meus olhos delirantes.

13.6.05

dizem que todo mundo tem duas personalidades.
como os geminianos são dois: quer dizer que temos quatro?

11.6.05

aula de geometria.

círculos (concêntricos?)
vi na antiga 3ª série
depois, mais aprofundadamente...
na 7ª.
quando queria,
era boa em matemática.
mesmo sem querer, tirava 10 em educação moral e cívica.
sempre troquei palavras em português,
mas era craque na interpretação.
não cumpri com o que registrei no caderno de perguntas de uma coleguinha da 6ª.
"o que você quer ser quando crescer?"
desenhista!
um colega leu, olhou pra minha cara e disse: "rárá! desenhar é muito difícil".
me lembro que ele copiava (à mão livre)...
super-heróis da marvel.
nunca consegui copiar um super-herói.
depois fui fazer curso. aquela coisa de oito cabeças...
pensar oito cabeças e fazer o corpo humano, sabe?
muito cerebral. talvez por isso, meus bonecos continuam rígidos.
mulheres estáticas.
já na faculdade, um amigo me disse que eu era preconceituosa, porque não desenhava gordos. mal sabia ele que já havia tentado, tentado etc. não só gordos, também velhos, crianças, bichos...
não me descobri Poty.

me formei em letras.

------------------------------------------------------
... daqui a dois dias, 31 anos.

nasci num 13 de junho
mesmo dia de Fernando Pessoa
e meu pai disse isso.


7.6.05

plock, plock, plock... no meu cérebro.
manifestações de euforia indicam a hora de começar a escrever.
(contrastes)


zunzunzum...
ainda não me acostumei com o som polifônico do celular...
parece que ouço vozes vindas de todos os lados:
da rua, dos prédios vizinhos etc.
irrita-me sair zureta e perceber que não era o meu,
nem o de ninguém...
invenção


todos têm celular,
moram em prédios,
perambulam pela rua.
nem todos têm bolhas imaginárias no meu cérebro
.

5.6.05


incrível ver você de novo e perceber que o tempo não alterou seu jeito de andar.
o olhar discreto,
quase tímido.
para não dar na cara,
concentro,
finjo ver o trânsito,
atravesso a rua distraída
e...
um pouco sem graça,
meio desajeitada,
viro pra trás.
ainda dá tempo de pegar:
impressões do vermelho
estampadas no seu rosto.

2.6.05

um pouco mais de 300 toques

pensei encontrar nas anotações deixadas na gaveta da cômoda
uma história possível para carlos.
nada. n
as notas,
apenas emendas de frases rígidas, absurdas
sem o que contar, me rebelei contra a página branca
vomitei considerações, devaneei
(esse mundo inventado)
ao ler,
carlos nem se deu conta de que o texto
era todo
espaços vazios.

28.5.05

retirado de escritores incompetentes
tópico: narrativas de grau zero

4/29/2005 9:37 AM
eassis: são os documentários, mas...ando tendo uma impressão esquisita com essa quantidade de blogs, diários, histórias íntimas do homem comum, das coisas fantásticas do cotidiano etc... há uma mistura entre ficção e documentário?

4/30/2005 12:20 PM
yo: quero entender melhor o que você diz de narrativa de grau zero. e principalmente de que forma o documentário seria essa narrativa.quanto à pergunta, não sei se mistura... é verdade que a água passa pelo pó que está contido num filtro, daí: café. digamos que nós somos o filtro. o pó o conteúdo, documental ou não, a água seria aquilo que torna possível saborearmos o conteúdo. A escrita? bem sabemos que o filtro sozinho não dá conta. ele precisa de conteúdo. alguns de muito, outros pouco menos. os menos são estes que aproveitam o cotidiano, misturando pó de café torrado com café verde. os que precisam de muito conteúdo às vezes perdem o ponto, repare que o texto fica chato, meio Machado de Assis com pijamas de bolotas vermelhas. bom, penso que alguns descobriram a facilidade de escrever. escrever fácil é abandonar os clichês, catar um fase solta e transformá-la em alguma coisa que a gente lê, esquece, lê de novo etc. é simplesmente fazer café. mas.... também sabemos que tem gosto pra tudo.

4/30/2005 12:26 PM
yo: edu, acho que não respondi sua pergunta. é que responder não é o meu forte. o meu forte é mentir. rs. são 16:20h, me deu uma vontade de tomar café!

5/8/2005 12:05 PM
eassis: Haja!!! é como se o que é narrado não se encaminhasse para um fim. daí é um passo para falar da falta de finalidade do que é narrado (mas não do ato de narrar). o que está escrito não está amarrado a um núcleo (ou mais de um) importante. não há exemplos, personalidade, organismos, vida (não é que não haja, mas o modo de desenhar a vida é outro, menos escatológico, com menos sentido, ou com vários sentidos pulverizados).o átomo do elemento narrado é uma nuvem quântica de elétrons ou perspectivas.não é que o sentido não exista, mas talvez exista um sentido centrífugo ao invés de centrípeto. qualquer detalhe exposto seria, a partir disso, um detalhe uiversal.... cotidiano épico.

5/28/2005 11:10
yo: a física quântica considera a imensidão do universo, essa coisa que é infinitamente maior do que tudo que a gente pode imaginar dele, ao mesmo tempo em que considera os pequenos girantes (átomos etc.)... acho que o mesmo é para nós, incompetentes, tudo é e não é ao mesmo tempo, até chegarmos ao nada, ao neutro. O infinito é tão absurdo que ele é e não é. ver um átomo, pegar um átomo, termos a certeza dele, também. assim imaginamos tudo, universo e átomo... que coisa.

(aproveito tudo)

26.5.05

querido eassis,
peço licença para narrar esta história que não é minha.

(...)
um cheiro de sopa vinha da cozinha
invadia a sala.
um grito assustado. barulho infernal.
da janela
espiei.
a corda cedeu. a caixa ruiu do décimo. o capacete de segurança não fora suficiente.
massa cefálica pra todos os lados.
o cheiro de sopa intensificava.
5 horas da tarde. segunda-feira.
vi um peão da construção vizinha ser esmagado. como um bife no mármore.
cheiro de sopa até hoje me trava o esmago
.

21.5.05

ouço jazz.
tanan taran tanan taran tanan taran tanan taran tanan taran tanan taran tanan taran tanan taran tanan taran i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme i love supreme
parte 2
pannnnnnnnn pan pan taran... nanran......... nunnnnnnnn tun tun tun
bebo um chileno (tinto).
parte 3
o piano na minha cabeça.
*
agora, meus dedos no teclado
imitam Coltane.
irritante-mente embriagada.
bururururururuuruurururuuururuurbruru bururururururuuru bururururururuuruurururuuururuurbruru bururururururuuruurururuuururuurbrurururu bururururururuuruurururuuururuurbrurururuuururuurbruru bururururururuuruurururuuururuurbrurururuuururuurbruru bruru bruru bruru bururururururuuruurururuuururuurbruru bururururururuuruurururuuururuurbruru bururururururuuruurururu buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru
buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru uru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru
..........................................................
buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru uru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru
buru buru buru
buru buru buru buru
buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru
buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buru buruv buru buru buru buruburu buruburu buruburu buruburu buruburu buruburu buruburu
tun tun tun tun tun tun tun tun tun tun
tun
tun
tun
* my favorite things
o jazz nos ensina a frasear, assim diz Lobo Antunes.
o saxofone de John dissolve meu cérebro.
tannnnn........ tannaran, naran, naran,
pannnnnnnnn, panaran naran naran.
ion ion ioioooooooooonnnnnnnnn
(palmas)

20.5.05

saudades de estar aqui a escrever despreocupada
(gentileza)
outro dia li num livro que.

. assim o caminhante escolhe onde ir:

sem rumo,
errante


não há nada para dizer
lacunar é preciso...

11.5.05

sensação esquisita?
tempestade adentrando,
devagar.
é, pois bem.
concluo que
o mundo é uma tempestade infinita.

- sei nada!
sou apenas uma mulher

a brincar com todos aqueles lápis de cor
na mesa de inventar personagens.

1.5.05

o sol bate timidamente na janela
ventania

arrepio
congelamento de idéias

dedos estalados
a mão toca o teclado
* taquicardia

meu Deus, como a minha Internet é lenta!

24.4.05

Retrato

a cadeira é de madeira
encontrada entre objetos diversos – espalhados no porão de um antigo escritório de contabilidade
nela, ele fica horas (entre a leitura e a escrita)
às vezes percebe uma águia passar pela janela do seu quarto
vai ao terraço conferir os passarinhos
alimentar nico

volta para o trabalho
mesa espaçosa, dicionários
na porta de correr se esconde um armário
entre roupas, sapatos e meias
prateleiras de livros

moça com brinco de pérolas,
como é mesmo o nome daquele pintor?
agora, ao som de jazz, conversamos noite adentro
os amigos de sempre
não há nada que possa afetar nosso imaginário
povoado de divagações, vinho e macarrão
é isso que tenho pra dizer sobre o querido eassis
no orelhão, um descarado cantou:


– se ao menos você
me deixasse provar que aquilo foi um engano
meu amor
transformaria nossa história num samba...
e não te perderia jamais

17.4.05

* para matias monteiro

o garoto de havaianas está sentado na cama lendo jornal
bombardeio ali, assassinatos acolá
na parede, gravuras coloridas contam a história da arte
na mesa, fotos de Houdini

o sonho de ser mágico
no criado: caderneta de notas, lápis, borracha
(objetos cruéis)
levanta a cabeça
sente o sol cegar seus olhos
lembra-se de que é dia
hora de dormir

9.4.05

colocar fronha novinha no travesseiro
deitar na hora que o sono vem

invadindo
*receita para viver bem

4.4.05

restos de texto
escrita despreocupada
rascunho



dediquei para você a próxima história
estava a dizer
frases capciosas
num ritmo acelerado
poesia?



por excesso de páginas
por ausência de roteiro
por ser a mesma rapariga
acabei de saber:

não deu


tentei
livrar-me da imagem do pai arrombando a porta
do cheiro de sangue quente
do seu corpo dentro de um saco cinza



morreu
de um tiro na boca
vazado

mas seu sorriso continua o mesmoquerida A. R.



ah! a loja da metrópole fechou
quebrei meu cartão C&A
continuo odiando saltos
passou natal, páscoa
o papa finou-se

não sei entender este sentimento
você ficando distante

3.4.05

sambinha - para os amigos etnográficos

a minha lente quebrôoooooou
não vejo mais o meu amor
a minha lente quebrou, a minha lente quebrou


ô meu amor

26.3.05

o pássaro estava preso entre os galhos do pequeno pé de pimenta que nica me dera quinta passada

tons de lilás, violeta
azul (anil)

separei os galhos e encorajei-o
num impulso, levantou vôo
misturou-se ao céu

que presente mais delicado
encontrar um pássaro azul perdido entre os dedos de moça

Pássaro Azul

- Para Nica...










Ritmo








Bailarico








Infinito

19.3.05

dai-me um corneeeeeeeeeeeeeeeeeeto
muito cro[up]caaaaaante
é da gelattttttoooooooooooo
corneeeeeeeeeeeeeeeto [up]
que quierooooo tantooooooooooo
[up]

*um bêbado acaba de passar embaixo da minha janela.
morar n´serra tem seu lado divertido.

12.3.05

se bebo coca-cola não durmo.
se como chocolate,
o cérebro inflama.

olheiras

o corpo lento,
a cabeça pende pra lá, pra cá
um texto por fazer
uma transcrição pela metade
um banho urgente
ando tão lenta
que mais pareço o gato da vizinha ao lado
sempre à janela
sem mexer músculo
só quando o sol se vai:
espreguiça.
depois,
lambe os beiços,
vira pra trás,
dá um salto
e, finalmente,
toma coragem

* leite gelado na tigela

mas o sol já se foi
e ainda não tenho pressa

falta de assunto me mata

5.3.05

*para Rô

Enquanto a cortina batia com o vento
Dormia


Nuvens dissolviam o azul
Anúncio da chuva

Alguns respingos caíram sobre seu rosto
Mas o sono não estava leve

Assim permaneceu
Sonhou estar dentro de um dilúvio

Dilúvio

20.2.05

nino largou a vida no interior
vendeu fazenda, meia dúzia de bois
veio parar na capital
comprou lote e se instalou
numa casinha simples, luxo nenhum,
começou a criar aves
seu fascínio por elas era tão grande que uma vez envolveu o alpendre com tela e fez da frente da casa um viveiro enorme. por uma porta, a do corredor lateral, entrávamos no quarto-sala, e, por outra, a principal, entrávamos
num cômodo mágico: pássaros, passarinhos, todos os tipos, até aves raras – protegidas pelo governo –, nino criava.
a casa foi ficando sem espaço. nas prateleiras, ao invés de livros, gaiolas. o faisão tinha vida de rei, dormia entre o telhado e a laje. no pequeno quintal, tipos atrapalhados, gansos, marrecos etc.

hoje, pela manhã, deve ter havido uma cantoria danada,
mas nino não estava mais lá para ouvir.

a vida guarda seus mistérios.

para vô nino
(1917-2005)









metrô

passagens
nada mais
é o que espera aquele som
andar em semicírculos
um ruído meio-leve-meio-agressivo
assim,
bem no meu ouvido

8.2.05

Nevoo* - para eassis

dentro de mim há um escuro...
faltam textos que queria rever.
onde está você?
pretendia discar, mas as mãos estavam ocupadas com o teclado nas últimas semanas...
onde está você?
voltei para 1999...
deserto, clarão, ventania...
fui ver o que estava fazendo.
já não tenho certeza se estou aqui ou lá.

neste lugar (negro) continuo tendo idéias para me safar da tempestade.

*comments in: www.nevoo.blogspot.com
fixo nas crateras do seu rosto.
vejo: instantes de silêncio.

nesse lugar,
isolo-me.

aqui não existe tempo,
nem memória.

procuro eu,
procuro você.

adormeço.

29.1.05

paro para descansar
um copo de leite, rosquinhas...
depois de cinco dias pensando n´os cus de judas.
o que até hoje não descobri foi um significado concreto desse título.
para (cu) é fácil,

mas quem são os judas?
ou seria um judas com vários cus?

21.1.05

*chuva

estou com os pés na água morna
para que à noite
possa esquentar meu bem


15.1.05

HOMBRE! (para eassis)

quanto menos entendo, melhor fica.
a prova de ser névoa, dulcinéias, a desmanchar no tempo.

*contrastes

em portugal: fala com ela
vejo a toureira agora, se aproximando.

mas não vejo a outra.
o saltitar do touro levanta poeira infinita.
essa mulher (de bronze) está por aí...
a deixar seu cheiro:
selvagem.

14.1.05

move
move
move
stop, stop, please...
right-right
move now...


a professora inglesa a dizer insistentemente para a turma de balé
mas a bailarina de azul pensava outras imagens
o ônibus vermelho passando;
o tempo meio cinza;
moças de capote;
sombrinhas coloridas;
um indiano, uma sueca, um raper francês – fazendo um som na esquina

a professora repetia, repetia
as meninas seguiam as instruções
circulavam, alternavam,
passos, passinhos soltos
sorriso

move, move...

a bailarina de azul tinha um encanto próprio
Hombre


13.1.05

em elipses. rodopiando (assim-assim).
o bêbado anda disparado pela calçada.
seria ele um errante?

9.1.05

nuvens se formaram no céu

(tempête)

uma melissa encharcada
folhas por todos os lados
acerolas estouradas no chão
um filhote de passarinho morto no cimento
varejeiras atacando o jantar

2.1.05

Em frente ao sobrado da Serra tem um telefone público.
Seria um telefone qualquer, sem graça, se daqui não se escutasse o que o outro, despercebido, tem a dizer.
Conversas soltas, vagas, declarações de amor, estupidez, palavrões.
Da janela do escritório ouço vozes ao vento.
Num desses dias (distraída), uma frase:
"O melhor é falar pouco de si e muito dos outros".
Assim, assim. Uma mulher ao telefone.
Uma frase, seca, que caberia a qualquer um,
mas é exatamente o clichê do escritor.