o seu sorriso me transporta para o sul de Luanda. numa praia que vi quase deserta.
praia de puro sal
onde a imensidão do mar provoca uma saudade.
acompanhei as tardes virarem noite
e as noites virarem dia.
o sol, antes mesmo de tocar o infinito, se desmanchava
como uma bola de fogo que se desfaz com o vento,
misturando no céu matizes que não posso descrever.
lá, percebi que estava sozinha. que o amor era também uma invenção
e que apenas a mim pertencia.
assim como os versos que por ora lia ou escrevia.
sempre suspeitei disso.
certa noite, vendo-o dormir, me lembrei dessas imagens eternizadas pela memória.
toquei seu corpo sem que percebesse.
e o menino, em pele de homem, abrandou meu coração,
do mais puro afeto.
nesse momento, tive medo de que despertasse dos seus sonhos
e descobrisse o meu segredo.
alguém haverá de compreender tudo isso um dia.