22.7.11
















e de repente o poeta encontra um destino
ou uma saudade
e descobre que todos os poetas sentem o mesmo
voar como sonha um pássaro no ninho


(para philipi e vanessa)

15.7.11


ceará 

na falta de um livro para ler
em frente ao mar
escrevo
aqui, caminha-se rumo ao infinito
montanhas de sal
adormeço

é fácil pensar em você
ou esquecer que existo
é fácil dormir em você
como da primeira vez
em que a lua no céu
era só o indício de um sorriso

10.7.11

meu segredo

o meu medo transformo numa aventura
voar como um pássaro
cortar os céus para buscar o mar

preciso desse movimento
e quase sempre faço sozinha
para poder voltar

gosto tanto de você, meu segredo
que os olhos são pura água
e vêem palavras encontrando um destino

5.7.11

Em torno delas

Florbela Espanca, aos 36 anos

 

Longe de ti são ermos os caminhos

Sylvia Plath, aos 30 anos

 

A seiva
jorra como lágrimas, como água capaz de lutar
para refazer o seu espelho
sobre uma rocha


Alejandra Pizarnik, aos 36 anos

Adorava frequentar cafés

Eu choro debaixo do meu nome
Eu agito lenços na noite e barcos sedentos de realidade
dançam comigo
Eu oculto cravos
para escarnecer dos meus sonhos enfermos


Ana Cristina César, aos 31 anos


Roubei tua surdina, me joguei ao mar,
estou fazendo água. Dá o bote.


O que atormentava estas mulheres, meu Deus

Por que acabar tão cedo a vida?
Por amar demais o universo em torno delas
ou por desamor? 

Insuportável peso da espera

Hilda Hilst, aos 73 anos


E se eu ficasse eterna?
Demonstrável
Axioma de pedra


O mundo delas não diferente do meu