19.4.12

Noite infinita 


terminado um livro
já não há mais o passado
o que há em mim hoje se traduz
na escadaria que liga o Castelo à Sé de Lisboa
uma luz indescritível invade a casa
atravessando as frestas da janela
o amante veio me visitar 
e foi embora
para não mais voltar



16.4.12

Lisboa


Aqui o frio corta como lâmina
Os dedos já não respondem ao apelo do lápis
Todo o corpo treme
Dizem que é quase verão
Se vier na mesma intensidade
Estaremos todos fritos
Como sardinhas na chapa

5.4.12

tentei escrever um poema solene
juro que tentei
para me despedir 
um poema que pudesse falar da imensa alegria que sinto
um poema que não fosse meramente descritivo
mas que aflorasse nele
um encontro que não se sabe onde, quando, como 
ainda por ser escrito?
são tantos versos sem endereço
sem motivo  


tomo tudo como verdadeiro
queria poder lhe dar o melhor de mim
porém sou apenas alguém 
em busca de qualquer coisa que me tire do lugar
em você existo 
mais do que em qualquer outro
que tenha possuído a carne 
e o grito
penso em minh'alma condenada a seguir
à espera de um abrigo
penso em romper a noite
também o medo   
penso nos poemas que ofereço
sem preço