23.9.05

entrou do outro lado.
e neste instante a porta de vidro fechou,
bem na sua frente.
fingiu ser eu mesma.
calou-se.
calei-me.
era noite de quinta-feira...
galeria central do museu del bairro.

16.9.05

*notícias da serra: mais nuvens se aproximando

deveríamos trocar o nome da chuva que caiu em BH na semana passada para chuva de granito!
tal o tamanho dos granizos que despencaram do céu e o estrago provocado.
houve um que, por não enxergar nada, tirou a cabeça para fora da janela do carro e acordou com galos horr(or)endos na testa.
outros, da banda de cá, receberam as primeiras pedradas fatais...
vidros pelos ares!!!
como tenho tendência ao medo, olho pro céu toda vez que resolvo sair,
para ver se há ameaça de pedras.
por isso senhores, volto a dizer:
se houver ameaça de chuva, preparem seus capacetes.

14.9.05

e-mail muitíssimo pessoal
*aberto aos ouvintes

nica, a bailarina de azul a desfilar em terras geladas.
o pão de mel a aguarda na mesa do café.
ela sonha pastorar em terras distantes.
agora nica dorme. sono leve, gostoso.
do lado dela um homem encantador.
asas de borboleta... a fazer cosquinha na bochecha.
falamos por recados eletrônicos,
como se estivéssemos grudadas,
lado a lado, frente a frente.
ler nica, é ouvir sua voz:
mansinha e quentinha roçar nos ouvidos.
hummm...
os olhos enchem de água,
mas é bom... fica bem aí.
beijo.

13.9.05

ainda helena

ela queria dormir. ele andando pela casa com suas botinhas de couro legítimo (tuck tuck tuck).
ela, desejo de voltar aos sonhos, onde repousava no ombro de orfeu.
ele continua a andar pela casa com seu radinho de pilha que zune como abelhas no mel.
ela soluça uma felicidade.
Ele, nos seus trejeitos práticos, procura relógio, carteira, celular.
ela levanta, passa os dedos sobre a superfície irregular do móvel de antiquário, toma café.
ele, silêncio.
Crocodilos amarelos não existem! Repetia Carmem.
E se eu jogar uma balde de tinta neles? Replicou Su, a olhar no quintal dois calangos se amarem.

11.9.05

frostypara matias e ribão (o poeta novilúvio)

aonde encontrar Björk?
essa voz doce...
que mistura infância e melancolia.
estaria Björk ancorada em algum mar gelado
no Pólo Norte?
sensação de frio na espinha
arrepiar da pele

the mystery of my flesh
são basicamente dois sons que invadem a porta e quebram o vidro da janela

*sun in my mouth

8.9.05















deitada no ombro de Fernanda
uma máscara
a vizinha solicita da família Drummond
*por Nelson Rodrigues ("senhora dos afogados")

7.9.05

chove pedra lá fora
gelos saltitam na janela do quarto
dois vidros se partiram.
na sala,
uma poça d’água
*baldes e panelas espalhados pela casa

(tempestade em céu azul)

3.9.05

poeirinha ordinária que envolve meus objetos e embaça a tela do meu computador
duas linhas de ônibus passam em frente à janela do escritório
(tro)cent(r)os carros
embaralham meus ouvidos

2.9.05

pausa para ver a Internet…
sem escrever longos textos

queima de sanidade.
perder é o mesmo que deixar de ganhar?

não não, não me diga.
aguarde um terceiro momento.
* extraído do livro achado no corredor de uma gaveta.