29.12.07

Da lembrança

Esqueci novamente de acender a luz
Deixei cair sobre a mesa batom e moedas
No canto esquerdo da sala há uma foto sua
Entre os bibelôs uma estampa
Meu pai dizia que a natureza do homem é suicida

Preparo para a festa
São duas horas da manhã
A geladeira está vazia

Nada é importante agora

28.12.07

No deserto do Arizona

Assistia ingenuamente a esta série e pensava nos dois cientistas condenados a vagar no tempo. "Quem iria querer enfrentar dinossauros e conflitos armados apenas para provar que a máquina não era mero desperdício ao Estado?"

(um jovem galã e um pensador maduro)

No deserto do Arizona estava escondida a maior de todas as invenções da vida moderna.
A lógica da aventura consistia em enfrentar o perigo, as paixões e o abandono, mas resta a dúvida sobre os procedimentos metodológicos dessa viagem.

Hoje compreendo melhor, apesar de não me recordar dos episódios – a não ser da antológica imagem espiralar que leva os dois personagens para passear no tempo. Tudo pelo entretenimento que contém a descoberta, ou o desejo impossível de sair ileso das tormentas e colapsos do mundo?
A máquina do tempo é uma homenagem ao cinema que se acreditava fazer na época
no deserto do Arizona.








(o túnel e o tempo)

27.12.07

Com Sinatra*

Ouço Sinatra cantar
Como é bom encerrar elegantemente esta temporada
e também triste
como um filme antigo

(Your fabulous face)

Cinco minutos mais, cinco minutos mais
para estar em seus braços
Apenas cinco minutos mais

(I see, I see)

Posso ver você
Lá do outro lado
Posso ser você
Onde o rosto toca o vento

Dançar com o corpo mole
no escuro

(I lost my heart)

Queria falar sobre coisas assim
Cantar assim

(Every time. You and I. Every time)

Nem chá, nem suco de tomate

(A cup of coffee, please)


----------------
*para a equipe

19.12.07

b. brecht

A fumaça (der rauch) mistura no vento uma cor delicada
Alguns pontos de luz a atravessam
Sorte o dia ter amanhecido claro
Nas árvores uma poeira fina
Ao entardecer esperamos chuva no lago



para João Lúcio

13.12.07

Pazes com o imaginário*

O tronco estava úmido
Entre as folhas das árvores restos de chuva
O nariz fica gelado nesta época do ano
Tenho apenas três páginas de anotações

(a saudade é algo para se beber)

Aceite um ramo

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*para Cinara Araújo

16.11.07

Elogio escondido numa gaveta*

Desisti do amor.
Seu sentimento grandioso,
sua celebração.

As coisas menores agora me são caras.
Em espírito febril
ergo o espelho,
deixo o vento tocar o rosto,
sinto-o inteiramente livre.

Rodar os pulsos,
torcer o corpo inteiro.
Olho seu sorriso no retrato que se apaga no tempo.


*para Eassis, para Carolina Junqueira

29.9.07

Insônia

Meu pai barrigudo louco sem dentes.
Sai pela madrugada gritando meus irmãos.
Vou atrás dele. Momentos antes pulava a linha do trem.
A cabeça está pesada.
O sonho escapa os loucos da casa.

12.9.07

Fim do cacimbo*

Cheiro de terra molhada.
Sangue espesso. Barro amontoado.

No alto daquele morro tem um Baobá, sim sinhô.
Os galhos tocam o céu.
De maio a agosto, floresce uma única noite.

De lá, do alto daquele morro,
o mar pode ser visto.

Agora é setembro. Não recomendo.
Terra vermelha, terra molhada.


*para Nazareth Fonseca, para Zetho Gonçalves

5.9.07

Umbigada

O umbigo é um poço
Não tocar nele
Inocente achar que se fala a verdade
Não se transfere o poço
Não se transfere dor

Amar com a pele inflamada

14.8.07

Vento do mar

A noite caiu
Estava com a xícara de chá na mão
Sobre a mesa uns restos de pão
Em tempo de guerra não se arrisca desperdiçar nada
Morreu do efeito do gás

30.7.07

Lições para amar

Estou a cair, a cair, a cair
Do cineasta que mais inspira a poetisa
Os silêncios, os dramas, os fantasmas
A casa de Bergman

Um relógio sem ponteiros, uma cama, um lençol branco
Seu sopro: - Ágnes...

26.7.07

D'este seu pequeno canto de Luanda*

Vento de terra vermelha,
poeira fina que cobre os carros
O sol que cai no mar coagula imensa bola de fogo

Musseques a perder de vista,
ruas por asfaltar,
crianças agarradas às costas

(amor)

Pensar em Luanda
seus mercados, seus ritmos, suas falas

Máquinas de costura reta,
pernas de furar tecido,
língua no céu da boca

Amiga, amiga, amiga...
Pano bonito, estampa de elefante, olha amiga


(para John, Forrest, Marília, e Mário)

*frase extraída de mensagem enviada por John

20.7.07

Entre as montanhas

Da cama pode-se ver o horizonte.
O céu impondo uma cor turva.
No colchão uma pata de urso mole.

O que mais choca é a estupidez.

No fundo da bacia um rio e uma neblina.
Um filme passando na TV.

5.7.07

O flautista mágico

A ponta dos dedos corrói a pedra.
Se nasce uma flor espremida entre a pedra e os dedos
dizem que somos poetas vulgares.
Enquanto a água corre no corpo, e a flor teima em nascer,
o corpo quebra pedras no momento inoportuno.

Naus

Sou um náufrago
tocado pelo ronco do mar.
- Meu amor me espera.

Enamorado de você,
o vento carrega meu espírito.
Se não sou eu a dizer palavras,
a pele queima.

Beijar, beijar, beijar

Num instante sinto frio.
Procuro um canto.
O olhar tenta colher seu sorriso.

Pouso as mãos no assoalho,
toco as irregularidades da madeira.
- Meu amor me espera.

(para Bardo)

25.6.07

De amigos etnográficos

Acabo de chegar em Sintra.
O destino é a Praia das Maçãs.
Ver o litoral.

A cidade é charmosa
onde deveria ter hospedado uns dias.

Tiro impressões de uma tarde.
Sozinha.

Lembrar das pessoas queridas, tarefa do poeta?

O silêncio é mesmo o lugar da escrita.
Corro o risco da metáfora.
Não tenho pressa. Digo devagar.

- A visão é sempre um corte cinematográfico.

(Para Oswaldo)

23.6.07

Joaquim

Estivesse em Belo Horizonte iria beijar a mulher e cumprimentar o homem mais lindo do mundo, o marido.
Ela sabe que é verdade. Não preciso rodear a carne e fingir que não vejo.
Todos concordam, inclusive o meu.

19.6.07

De anjos e pássaros

Deixei de escrever há um tempo para dar lugar às notas práticas.
Onde seguir, que rua é melhor pegar, onde ir.
Mudei de casa em Lisboa, mas já estive em mais três e dois hotéis nesta estada Luanda-Dundo-Lisboa-Porto-Vila Real-Paris.
Durante um tempo tive vontade de estar em casa, por uma noite apenas, colocar os pés em água quente e sal.
Beijar Ronaldo. E voltar.
Agora aproveito os últimos dias na cidade de Pessoa e possível visita a Évora e Sintra, lugares que não poderia deixar de conhecer por estarem tão perto. A Praia das Maçãs fica em Sintra e a curiosidade é imensa.
Comprei as cartas de guerra de Lobo Antunes e senti o amor de um jovem casal. Um esforço para se manter vivo.
Na guerra nada parece escrito.

Retomo os exercícios de fixar as ruas e reaprender a me localizar.
Agora, sentada numa igreja de pedra, se fechar os olhos posso estar na de São José, no centro de Belo Horizonte, onde tantas vezes fui.
- Traz de volta o sentimento que me deste na infância. O amor pelos pássaros, pelo ar, pelo céu azul.
Não imploro aos santos uma sanidade. O sentimento beato não deveria ser encoberto.
- Quem nunca pediu a Deus a cura de uma indigestão?
- Rogai por nós.
Desligaram a música. Desço a rua até a Baixa para postar esta carta.


(Para Ronaldo)

13.6.07

Em pequena via meu pai cortar o calo com uma navalha.
Vazava em mim um sentimento de sangue.
(Temo os objetos cortantes)

Hoje, na Praça da Figueira, tive medo da vida.
Temi pelos antepassados. Temi por terem cruzado o Atlântico.
Talvez fosse apenas vontade de virar as costas.
Dizem muito adeus por aqui.

A metade que existe em mim, o medo, está no gesto de rasgar o calo em água quente e sal.
Dos livros que meu pai depositou na estante
Quixote, Werther, Dom Casmurro, Glaura.

7.6.07

Poema para Ronaldo

A orquestra acorda suavemente.
Por favor, grita o homem ao centro.
Faz uma pausa.
Quem está de pé no escuro? - diz o maestro.
Os dedos estão leves, a reger os instrumentos.
Homem inquieto.
Em minha mente faço versos menores. Tradução desse som.
Imagino palavra e música.
Procuro Samuel Beckett.

Girar Girar Girar
Diga as regras. Cairei em sono profundo.
Todos os poemas endereçados a você.

1.6.07

Pardon

As máscaras sorriem.
Não é tempo de sonhar.

Se pudesse escreveria compulsivamente.
Mas tudo vira metáfora imprópria.

Corvos no pátio.
Catedral sombria.

Paris
em qualquer museu.

Podemos ser mais perturbados.
Caminhar perdendo o jogo das pernas.
Loucos, portanto.

27.5.07

Meu pai me ensinou a ver mapas.
Essa estranha maneira de viajar me fez inventar os lugares.
Sempre imaginei na folha achatada como seria sua arquitetura.
Espaço entre os olhos.
Hoje, do alto de um castelo de Lisboa, vejo construções em labirinto.
Parece que sempre estive aqui.
Tudo soa melancólico e triste.

26.4.07

Rumo ao Norte

Não, não se pode ser covarde com os dedos.
A impaciência ilude o cara.
Estou em Omaha, Saint Louis, Memphis.
Amanhã, no porto, farei versos melhores.
Missouri, Ohio, Mississippi.

- Ao encontrar Dora pedirei desculpas.
Cantarei um ritmo incomum.
Trarei para perto do meu ombro uma mulher sorrindo.

(dos Cadernos de Jazz)

19.4.07

Hibisco

Esta flor marca bem a infância.
O jardim da capela, a frente da casa,
a brincadeira da rainha com sua coroa e saia rodada.
Várias flores marcam a infância.
Pequenas bailarinas, anjos, borboletas,
mas são flores.


16.4.07

Em 1915

Procurei dados sobre Nicolau Paropas.
Pouco se sabe de Nicolau.

(que gostava de café e cigarros
que era poeta
que não disse para onde iria)

Poema sobre a moça inclinada.
Toque delicado de vento na árvore.
Ela sonhava Isidora.

12.4.07

Extracampo*

(O pulso esquerdo dói um pouco.
Não consigo carregar o pires com uma das mãos
e levantar a xícara elegantemente com a outra.)

Não consigo.
Estou cansada.

Trocando palavras.
- Rubricas.
Procurando imagens.
- Contas a pagar.

No canto do armário,
a foto de um falecido,
as primeiras ilustrações,
um argumento.

- Arquivo

(Se girar, queimo a pele.)


*para Sil e Bu/ Ana e Beto.

7.4.07

Clareira

Vejo uma usina sair de dentro da montanha.
Cilindros tocam o céu
e uma fumaça cinza dissolve a atmosfera.
Vejo uma casa verde e uma estufa.
Animais passeando pelo capim.
Um filete de água, roupas no varal.
É dia, e não vejo árvores.

2.4.07

A dor do poeta

Se perguntar ao poeta,
ele dirá que não sabe como se arranca uma dor.
Eu, que não sou poeta,
também não sei arrancar com as mãos a dor.
Queria ouvir uma música suave,
apenas isso,
mas os ouvidos estão tampados.
Se há música, se há tom suave,
ele passará pelas frestas da janela e tocará o rosto.
Acariciará a pele,
talvez amanhã, talvez sempre.

(para Júnia)

22.3.07

De jovens e reacionários

– Jovens e já andam velhos.
(Diz a quinta página do romance a ser lido)
O peito inflado.
Angustiadas esperanças sobre verdade alguma.

O poeta
(nada mais o impede)
espia da janela,
sente fisgar a face.

Trava a respiração.
– Sou eu, sou você falando asneiras?
Fora do estômago, o jantar de ontem
coalhando na pia.
O ar está excessivamente puro nesta manhã.
Os pulmões se arrebentam em folhos.
E a vizinha dos gatos amarga na área de serviço.

Diga alto, por favor,
ninguém dorme na casa.

17.3.07

Mesa posta

A faca atravessa o bife dividindo-o em quatro.
Assim, servia o jantar.
Naquela noite, um tio ainda bateria à porta.

(para minha mãe)

12.3.07

Novembro, 1935

Rasgar os dedos ao escrever.
Bela metáfora nos olhos dos outros,
já não dizia o ditado?
Geração triste sem memória.

8.3.07

Poesia dentro*

De quando a máquina de filmar não é remédio.
Como é bom, numa tarde como esta, deitar a cabeça em fronha limpa.
Longe do sol quente, longe do barulho de buzinas e motores.
Cada vez mais creio que tudo, praticamente tudo, pode virar poesia
quando se tem o peito a arder em febre,
quando o nó, apenas o nó na garganta impede o ar,
quando não o pulso, mas o estômago está cortado,
quando os olhos estão fechados
e a tela escura é apenas passagem cinematográfica.
No sonho, tudo vira poema.

(na ponta dos dedos toca-se o mundo)

*para Ana C., Júnia T., M. Lúcia, Claudete

5.3.07

O exercício contínuo

Estar sentado à mesa. Tomar café morno para que as pálpebras levantem.
Banho quente. Roupas de ontem.
Buscar na janela a razão do dia.
Pousar a caneta sobre o cheque.

- Toma.

Quando a poesia se equilibrar,
nesse clima úmido, a trama se instala de vez.

25.2.07

Tableau

Quando Rubia se deita, pende a cabeça no lado esquerdo do colchão.
Não vê luzes piscarem na placa do hotel.
O homem está de pé, espreitando a rua entre as tabuinhas da persiana.
A noite acabou.
Olha para ela e vê um anjo dormindo.
Amanhã partem para outra cidade.

A voz está cansada.

homem

16.2.07

Da máquina de fitar

Aprendi (bem ou mal) duas coisas a respeito da literatura:
não confiar na voz do narrador, duas vezes menos na voz do autor.
Discordância e ambiguidade valorizam o diálogo?
A intriga parece ser mais sutil que isso.

"Desculpar-se é ato generoso". A voz de um dos clássicos.
"Se lhe pedir desculpas, ainda assim continuarei a mentir". A mulher que chega no balcão.
"Pedindo desculpas não serei mais o que pareço. Passemos a régua. Estou cansado". Um poeta moderno.
(Ele pede uma xícara de café.
Tem os olhos fixos e tristes.
Já não consegue ver generosidade em nada,
mas se encanta com a jovem que passa.
Ela não o repara.
Anda meio sem jeito.
Tem os dedos firmes na carteira.
Pede fósforos)

Evito anotações.
Não há nada demais,
apenas um gato arranhando o vidro da janela.
Do quarto, poderia escrever até os dedos sangrarem.
Ainda ouço a voz da mulher solfejando.
Ela era como um anjo.

(um romance por fazer, rascunhos - 2004)

7.2.07

As coisas ardem.
Como numa guerra. Como no amor?
Ainda podemos ler a inscrição no que ficou da máquina de cozinhar.
Forte demais para os olhos.
Tenho taquicardia.

(para carol e ribs)

3.2.07

Criptologia sobre um mapa em papel cartão

Quando eu tinha 9 anos, meus irmãos jogavam war na sala de jantar. Por ser menina e muito criança ainda, podia apenas ficar sentada vendo-os jogar.
"- Digamos que você seja do serviço de inteligência. Poderá ser consultada a qualquer momento".
Lá, no lugar que ocupava, sem saber ao certo qual dos grupos ajudaria, se um, se todos, percebia pastilhas, aviões e navios avançando territórios. Os exércitos se uniam e tomavam as regiões com estratégias absurdas. Garotos de 14 e 15 anos tinham nas mãos o mundo. Fixar os olhos no mapa colorido de rosa, amarelo e verde, tarefa difícil.
O "inimigo" espuma a boca e arrasa dois continentes inteiros.
É o fim. Não é o fim, por enquanto.
Hoje, lendo o cinema menor, pensei: daqui alguns anos, na falta de água doce, seria capaz dois inimigos de agora se tornarem "amigos" para invadirem territórios juntos?
Observando o war, sabia que não dava para confiar em nenhum dos grupos. Burlavam as regras para que o jogo se tornasse mais emocionante. Além de a inteligência estar constantemente ameaçada.
Sobre a voz com sotaque britânico na rádio iraquiana, a menina de 9 anos diria: "parece mensagem cifrada. Além do endereçado, apenas uma equipe poderia decifrá-la".

28.1.07

Velho Oeste






A tela não é das maiores.
Tenho uma TV de carvoaria.
A imagem atrita um momento,
Robert Redford e Paul Newman.







Velho Oeste,
se olho, não posso tocar.

27.1.07










Tem a lembrança de uma ida à casa da tia Milá.
Da janela do ônibus uma menina vê o penhasco:
- "Olha mãe! Se a gente cair lá embaixo morre na horinha!"
Então é assim?


(o gato da vizinha não pára de me fitar)

19.1.07

Bom Jardim

tem a história de um cavalo, cego de um olho, que ganhou competição.
tem a história de um menino que se perdia nos bairros de Curvelo. que fazia todos rirem.
tem a história de um outro menino, tão bom, tão doce, que me emociono ao lembrar de sua leveza.
tem a história de uma menina e sua roupa de quadrilha com gigantescas frutas bordadas ao invés das tradicionais flores. a mãe sempre inovava.
tem a história de um casal, tão unido, tão alegre.
(tudo registrado em fotografias)

um sussurro, uma lembrança.

(para Pedrães)

9.1.07

cidade

pessoas caminham em diagonal.
(depois que todas passarem)
ainda estarei sentada
num bar, num café, num ponto de ônibus.
uma caneta, por favor.
nesta noite,
chá quente e uma canção.

(para nica e beto)

4.1.07

Moro numa vila de pescadores. Há dias o céu insiste nublado.
O mar está tranquilo apesar da correnteza.
As pedras sentem o peso da água.
(se fechar os olhos, lembrará dos parentes mortos)
Não há tristeza nos olhos. Apenas o tempo.

Quando o vir, direi palavras desnecessárias.
Distante de você, escrevo melhor o que não sinto.


(Paraty, dezembro de 2006)