o pássaro estava preso entre os galhos do pequeno pé de pimenta que nica me dera quinta passada
tons de lilás, violeta
azul (anil)
separei os galhos e encorajei-o
num impulso, levantou vôo
misturou-se ao céu
que presente mais delicado
encontrar um pássaro azul perdido entre os dedos de moça
26.3.05
19.3.05
12.3.05
se bebo coca-cola não durmo.
se como chocolate,
o cérebro inflama.
olheiras
o corpo lento,
a cabeça pende pra lá, pra cá
um texto por fazer
uma transcrição pela metade
um banho urgente
ando tão lenta
que mais pareço o gato da vizinha ao lado
sempre à janela
sem mexer músculo
só quando o sol se vai:
espreguiça.
depois,
lambe os beiços,
vira pra trás,
dá um salto
e, finalmente,
toma coragem
* leite gelado na tigela
mas o sol já se foi
e ainda não tenho pressa
falta de assunto me mata
se como chocolate,
o cérebro inflama.
olheiras
o corpo lento,
a cabeça pende pra lá, pra cá
um texto por fazer
uma transcrição pela metade
um banho urgente
ando tão lenta
que mais pareço o gato da vizinha ao lado
sempre à janela
sem mexer músculo
só quando o sol se vai:
espreguiça.
depois,
lambe os beiços,
vira pra trás,
dá um salto
e, finalmente,
toma coragem
* leite gelado na tigela
mas o sol já se foi
e ainda não tenho pressa
falta de assunto me mata
5.3.05
20.2.05
nino largou a vida no interior
vendeu fazenda, meia dúzia de bois
veio parar na capital
comprou lote e se instalou
numa casinha simples, luxo nenhum,
começou a criar aves
seu fascínio por elas era tão grande que uma vez envolveu o alpendre com tela e fez da frente da casa um viveiro enorme. por uma porta, a do corredor lateral, entrávamos no quarto-sala, e, por outra, a principal, entrávamos num cômodo mágico: pássaros, passarinhos, todos os tipos, até aves raras – protegidas pelo governo –, nino criava.
a casa foi ficando sem espaço. nas prateleiras, ao invés de livros, gaiolas. o faisão tinha vida de rei, dormia entre o telhado e a laje. no pequeno quintal, tipos atrapalhados, gansos, marrecos etc.
hoje, pela manhã, deve ter havido uma cantoria danada,
mas nino não estava mais lá para ouvir.
a vida guarda seus mistérios.
para vô nino
(1917-2005)
vendeu fazenda, meia dúzia de bois
veio parar na capital
comprou lote e se instalou
numa casinha simples, luxo nenhum,
começou a criar aves
seu fascínio por elas era tão grande que uma vez envolveu o alpendre com tela e fez da frente da casa um viveiro enorme. por uma porta, a do corredor lateral, entrávamos no quarto-sala, e, por outra, a principal, entrávamos num cômodo mágico: pássaros, passarinhos, todos os tipos, até aves raras – protegidas pelo governo –, nino criava.
a casa foi ficando sem espaço. nas prateleiras, ao invés de livros, gaiolas. o faisão tinha vida de rei, dormia entre o telhado e a laje. no pequeno quintal, tipos atrapalhados, gansos, marrecos etc.
hoje, pela manhã, deve ter havido uma cantoria danada,
mas nino não estava mais lá para ouvir.
a vida guarda seus mistérios.
para vô nino
(1917-2005)
8.2.05
Nevoo* - para eassis
dentro de mim há um escuro...
faltam textos que queria rever.
onde está você?
pretendia discar, mas as mãos estavam ocupadas com o teclado nas últimas semanas...
onde está você?
voltei para 1999...
deserto, clarão, ventania...
fui ver o que estava fazendo.
já não tenho certeza se estou aqui ou lá.
neste lugar (negro) continuo tendo idéias para me safar da tempestade.
*comments in: www.nevoo.blogspot.com
dentro de mim há um escuro...
faltam textos que queria rever.
onde está você?
pretendia discar, mas as mãos estavam ocupadas com o teclado nas últimas semanas...
onde está você?
voltei para 1999...
deserto, clarão, ventania...
fui ver o que estava fazendo.
já não tenho certeza se estou aqui ou lá.
neste lugar (negro) continuo tendo idéias para me safar da tempestade.
*comments in: www.nevoo.blogspot.com
29.1.05
15.1.05
HOMBRE! (para eassis)
quanto menos entendo, melhor fica.
a prova de ser névoa, dulcinéias, a desmanchar no tempo.
*contrastes
em portugal: fala com ela
vejo a toureira agora, se aproximando.
mas não vejo a outra.
o saltitar do touro levanta poeira infinita.
essa mulher (de bronze) está por aí...
a deixar seu cheiro:
selvagem.
quanto menos entendo, melhor fica.
a prova de ser névoa, dulcinéias, a desmanchar no tempo.
*contrastes
em portugal: fala com ela
vejo a toureira agora, se aproximando.
mas não vejo a outra.
o saltitar do touro levanta poeira infinita.
essa mulher (de bronze) está por aí...
a deixar seu cheiro:
selvagem.
14.1.05
move
move
move
stop, stop, please...
right-right
move now...
a professora inglesa a dizer insistentemente para a turma de balé
mas a bailarina de azul pensava outras imagens
o ônibus vermelho passando;
o tempo meio cinza;
moças de capote;
sombrinhas coloridas;
um indiano, uma sueca, um raper francês – fazendo um som na esquina
a professora repetia, repetia
as meninas seguiam as instruções
circulavam, alternavam,
passos, passinhos soltos
sorriso
move, move...
a bailarina de azul tinha um encanto próprio
move
move
stop, stop, please...
right-right
move now...
a professora inglesa a dizer insistentemente para a turma de balé
mas a bailarina de azul pensava outras imagens
o ônibus vermelho passando;
o tempo meio cinza;
moças de capote;
sombrinhas coloridas;
um indiano, uma sueca, um raper francês – fazendo um som na esquina
a professora repetia, repetia
as meninas seguiam as instruções
circulavam, alternavam,
passos, passinhos soltos
sorriso
move, move...
a bailarina de azul tinha um encanto próprio
13.1.05
9.1.05
2.1.05
Em frente ao sobrado da Serra tem um telefone público.
Seria um telefone qualquer, sem graça, se daqui não se escutasse o que o outro, despercebido, tem a dizer.
Conversas soltas, vagas, declarações de amor, estupidez, palavrões.
Da janela do escritório ouço vozes ao vento.
Num desses dias (distraída), uma frase:
"O melhor é falar pouco de si e muito dos outros".
Assim, assim. Uma mulher ao telefone.
Uma frase, seca, que caberia a qualquer um,
mas é exatamente o clichê do escritor.
Seria um telefone qualquer, sem graça, se daqui não se escutasse o que o outro, despercebido, tem a dizer.
Conversas soltas, vagas, declarações de amor, estupidez, palavrões.
Da janela do escritório ouço vozes ao vento.
Num desses dias (distraída), uma frase:
"O melhor é falar pouco de si e muito dos outros".
Assim, assim. Uma mulher ao telefone.
Uma frase, seca, que caberia a qualquer um,
mas é exatamente o clichê do escritor.
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