31.10.11

2. fragmento no bolso


o seu sorriso me transporta para o sul de Luanda. numa praia que vi quase deserta.
praia de puro sal 

onde a imensidão do mar provoca uma saudade. 
acompanhei as tardes virarem noite 
e as noites virarem dia. 

o sol, antes mesmo de tocar o infinito, se desmanchava  
como uma bola de fogo que se desfaz com o vento,
misturando no céu matizes que não posso descrever.

lá, percebi que estava sozinha. que o amor era também uma invenção 

e que apenas a mim pertencia. 
assim como os versos que por ora lia ou escrevia.
sempre suspeitei disso.

certa noite, vendo-o dormir, me lembrei dessas imagens eternizadas pela memória. 

toquei seu corpo sem que percebesse. 
e o menino, em pele de homem, abrandou meu coração,
do mais puro afeto.

nesse momento, tive medo de que despertasse dos seus sonhos
e descobrisse o meu segredo.
alguém haverá de compreender tudo isso um dia.  




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